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A Polícia Civil revelou detalhes da Operação Need For Speed, deflagrada na quinta-feira (27), que combateu rachas promovidos em grandes avenidas de Teresina. A prática criminosa ocorria quando pessoas de médio e alto poder aquisitivo levavam carros de luxo para competir em alta velocidade em vias da capital.
Os investigados vinham sendo monitorados desde o final de abril deste ano, quando a polícia identificou a recorrência da prática, principalmente na Avenida Raul Lopes. Os envolvidos se reuniam em um posto, geralmente nas quartas-feiras, e iniciavam as competições.
“Conseguimos identificar que nas quartas-feiras esses indivíduos iam para Raul Lopes com carros importados e lá começavam a tirar rachas, ingeriam bebidas alcoólicas, com inclusive menores de idade. Alguns dos investigados levaram crianças dentro desses carros para acompanhar os rachas. Era por volta de 21h, 22h, que eles tiravam esses rachas e as pessoas ficavam ali correndo, caminhando, fazendo seus exercícios físicos”, afirma o delegado Mateus Zanatta.
Ao todo, 26 pessoas estão sendo investigadas pela Polícia Civil. A operação teve início no final de abril deste ano, quando a prática começou a chamar atenção. Segundo a Polícia Civil, os envolvidos também promoviam os eventos nas redes sociais, com vídeos de competições e exibição dos veículos na internet.
Segundo o delegado Mateus Zanatta, a prática já vinha gerando sérios riscos e provocando acidentes no trânsito. Um deles foi registrado no dia 2 de agosto, na Avenida João XXIII, quando um dos carros envolvidos colidiu com outros veículos na via.
Os participantes costumeiramente retiravam as placas dos carros para dificultar a identificação e a aplicação de multas pelos radares.
“Nos 11 primeiros meses desse ano nós tivemos quase o dobro de vítimas fatais no trânsito do que os crimes violentos intencionais que são os homicídios. Embora, fazendo uma comparação com o ano passado, conseguimos diminuir quase 5% o número de vítimas fatais no trânsito. Temos várias políticas públicas para combater esse tipo de crime. Por isso começamos a fazer um monitoramento das pessoas que estavam fazendo racha em Teresina e manobras perigosas”, narra o delegado.
Na Operação Need For Speed, foram cumpridos 28 mandados de busca e apreensão, com 26 pessoas como alvo. A eles foram aplicadas medidas cautelares, como apreensão dos carros, recolhimento domiciliar durante a semana das 19h às 6h e, nos finais de semana, recolhimento integral; suspensão da CNH por seis meses; monitoramento eletrônico por tornozeleira; exclusão das redes sociais de postagens relacionadas a rachas; e extração de dados de aparelhos celulares.
A apreensão durante o cumprimento dos mandados incluiu 19 armas de fogo, 2.700 munições e dois autos de prisão em flagrante por porte ilegal de arma de fogo. Parte dos carros apreendidos nos rachas, 17 veículos, teve a alienação antecipada solicitada pela polícia. Esses carros devem ser vendidos.
“Esses carros evidentemente não têm perfil de uso policial. Para essa operação a nossa prioridade tem sido pedir o sequestro e alienação antecipada para que o juiz coloque eles em leilão, esse valor arrecadado vá para uma conta judicial e após o Ministério Público e o juiz decidem destinação desse dinheiro para políticas públicas”, explica o delegado Felipe Bonavides.
Os investigados podem responder por direção perigosa, perturbação do sossego, participação em corrida automobilística não autorizada, adulteração de veículo automotor, corrupção de menores e associação criminosa.
A polícia descartou o envolvimento do dono da loja de conveniência de um posto onde os suspeitos se reuniam.
Um empresário está entre os alvos da Operação Need For Speed. Na casa do colecionador, foram encontradas 15 armas de fogo, sendo uma irregular, além de 2.700 munições. Na operação, um vereador de Hugo Napoleão ainda foi preso com uma arma de fogo.
Segundo as investigações, o filho do empresário, um adolescente de 16 anos, recebia o carro do pai e participava dos "rachas" com o consentimento do genitor. Em uma das situações, o pai chegou a ser flagrado em um posto de combustíveis deixando o filho.
“O pai desse menor ele entregava o veículo para o menor tirar racha. Inclusive o pai acompanhava o menino até o posto, ele não participava, mas acompanhava. Hoje quando fomos fazer a busca e apreensão o pai desse menor tinha dado outro carro para ele. Esse pai vai responder por alguns crimes”, explica o delegado Mateus Zanatta.
Durante o cumprimento do mandado, o empresário não estava em casa, porém a polícia encontrou 15 armas e 2.700 munições. Uma delas estava irregular, o que levou a polícia a autuar o empresário por porte irregular de arma de fogo.
“Na casa dele encontramos 15 armas de fogo. Uma das armas era ilegal, não tinha registro e as outras armas ele tinha registradas como CAC. No entanto, antes ele era nível três, poderia ter as armas, mas hoje ele é nível 1. Então ele não pode ter essa quantidade de armas e agora vai responder pela posse regular de arma de fogo, pois ele perdeu a idoneidade de ter qualquer tipo de arma”, explica o delegado.
Outro alvo dos mandados foi um vereador em exercício do município de Hugo Napoleão. Foi arbitrada fiança no valor de R$ 30 mil.
Segundo o delegado Filipe Bonavides ele possui a posse de uma arma no município de Hugo Napoleão, porém estava com ela em Teresina. O vereador é um dos alvos investigados na operação.
“No local foi questionado sobre uma arma de fogo e que ela estaria em Hugo Napoleão, era o local autorizado para que fosse guardada. Como essa arma estava em Teresina, ele foi autuado por porte ilegal de arma de fogo. A fiança foi arbitrada em R$ 30 mil. Ele agora também será investigado por esse crime”, narra o delegado Felipe Bonavides.
