Entre o poeta e a jornalista: bastidores de uma jornada em “Gonçalves Dias: Duas Cidades, Um Poeta."

Muitos já sabem que Caxias é terra de poetas, é terra de Gonçalves Dias. Mas será que sabe em qual local ele nasceu? Será se todo mundo entende o porquê ele é tão importante e continua sendo ovacionado mesmo dois séculos depois de seu nascimento? Foi com essa inquietação que comecei a pesquisar e escrever o roteiro de “Gonçalves Dias: Duas Cidades, Um Poeta”, um documentário que nasceu do desejo de revisitar o passado com o olhar de quem vive o presente. A proposta é fazer com que os maranhenses — especialmente estudantes e professores — redescubram o poeta não apenas nos livros, mas nos lugares, nas vozes e nas pessoas que ainda guardam a sua memória viva.

Durante as gravações, tive a grata alegria de entrevistar a professora Mercilene Torres. Em um dos intervalos, ela comentou que pensava que eu tivesse formação em História, de tantos documentários e reportagens especiais sobre personagens importantes da história de Caxias que já produzi. Sorri. E depois fiquei pensando: talvez ela não esteja tão errada.

Sou fascinada por passado, por memórias e pelas camadas do tempo. Talvez, em outro universo, eu fosse professora de História; em outro, cantora — porque eu amo cantar. Mas, nesta versão de mim, o jornalismo me escolheu como contadora de histórias reais. Com o tempo, descobri que sou uma jornalista com alma cultural e criativa, dessas que acreditam que toda pauta pode ter poesia, basta olhar diferente.

Acho que foi isso que me aproximou tanto de Gonçalves Dias. Ele foi poeta, advogado, jornalista, teatrólogo, etnógrafo — um homem multifacetado, inquieto e criativo. E, de certa forma, me vi refletida nesse perfil: alguém que busca expressão em várias formas de arte, que não se contenta com o óbvio. Cada visita, cada conversa e cada imagem captada neste projeto foram mais do que parte de uma produção audiovisual — foram um resgate afetivo da nossa identidade maranhense.

Hoje, posso dizer que “Gonçalves Dias: Duas Cidades, Um Poeta” é mais do que um documentário. É um agradecimento às leis de incentivo que me permitiram continuar fazendo o que amo — primeiro com a Lei Aldir Blanc, no documentário sobre a Dança do Lili que produzi, junto com a Agência Creativo, e agora, com a Lei Paulo Gustavo, neste mergulho poético sobre o nosso maior escritor em parceria com a Agência Objetiva. Em ambas as vezes, a proposta foi selecionada por meio de edital da Secretaria de Estado da Cultura do Governo do Maranhão, e poder transformar história em arte é algo que me enche de orgulho e gratidão.

Foram dias intensos, cheios de pesquisa, emoção e estrada. Entre eles, uma viagem de 90 quilômetros até o Povoado Laranjeiras, em Aldeias Altas — o local de nascimento do poeta —, onde fomos recebidos com carinho pela comunidade quilombola e pelos professores da Escola Antônio Gonçalves Dias. Agradeço ao amigo Maciel Mourão, que nos conduziu nessa jornada longínqua em busca das melhores imagens no povoado Laranjeiras, meu agradecimento também à Laelma Freitas e Margareth Mourão, pela companhia e pelos registros dos bastidores. E um carinho especial ao cinegrafista Genival Chagas, pela disponibilidade e por registrar com tanto cuidado e sensibilidade cada imagem que imaginei.

A cada bastidor, um novo verso, um novo aprendizado. E em novembro, vocês vão poder assistir ao resultado dessa jornada em forma de filme — uma homenagem audiovisual que une Caxias e Aldeias Altas pela poesia e pela memória.

Ficha técnica resumida:
Título: Gonçalves Dias: Duas Cidades, Um Poeta
Direção: Paula Menezes
Produção: Agência Objetiva
Roteiro: Joilson Bruno e Paula Menezes
Edição: José Wesley Abreu
Duração: 20 minutos
Ano: 2025
Gênero: Documentário Poético e Observacional
Locais de gravação: Caxias e Aldeias Altas (MA)
Classificação: Livre